Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.

Forum Destinado aos apreciadores de Filmes e Series de Terror!


Você não está conectado. Conecte-se ou registre-se

ABBOTT E COSTELLO ENCONTRAM FRANKENSTEIN

Ir para baixo  Mensagem [Página 1 de 1]

1ABBOTT E COSTELLO ENCONTRAM FRANKENSTEIN Empty ABBOTT E COSTELLO ENCONTRAM FRANKENSTEIN Ter Fev 10, 2009 3:44 am

fukipe

fukipe

Acredito que poucas coisas possam geram um sentimento de frustração tão grande quanto à experiência de ver algo começar de forma promissora, revolucionária até, e terminar de maneira medíocre e decepcionante. Infelizmente, é essa a sensação que fica após assistirmos “Abbott e Costello encontram Frankenstein”, último filme da Universal a apresentar os seus monstros sagrados: Drácula, Larry Talbot, o Lobisomem, e o Monstro de Frankenstein. Sim, depois de explorar a exaustão a imagem dessas criaturas ao longo de praticamente duas décadas, conseguindo assim fugir da falência que vitimou boa parte dos estúdios cinematográficos americanos durante a Grande Depressão, a Universal lhes destinou um final inglório, envolvendo-os em uma comédia ultrajante, mas infelizmente nada engraçada.

Bud Abbott e Lou Costello eram uma dupla de conceituados comediantes que se apresentava em teatros pelos quatro cantos dos EUA, inclusive na Brodway. Um programa de rádio apresentado por eles no início da década de 1940 fez tanto sucesso que motivou a Universal a apostar na dupla como sucessores de “O Gordo e o Magro”, levando-os para protagonizar suas trapalhadas no cinema.
Os dois ainda ganharam uma série de TV chamada “Abbott e Costello Show”, que chegou a ser exibida no Brasil durante a década de 1970. Nesse meio tempo, ao longo de mais de 20 anos de carreira, a dupla protagonizou dezenas de longas-metragens, interpretando os mais diversos personagens e vivendo as mais variadas aventuras. Um desses filmes foi justamente “Abbott e Costello encontram Frankenstein”, lançado em 1948, e considerado pelos fãs dos comediantes como sendo uma das obras mais divertidas protagonizadas pelos inseparáveis amigos.

Devo confessar que nunca assisti a outro filme de Abbott e Costello além desse, mas se de fato, este aqui for um dos mais divertidos, então não pretendo assistir mais nenhum. Talvez eu esteja sendo um pouco exagerado, por não ser fã de comédias, ou talvez esteja sendo demasiadamente rabugento por estar contrariado com o tratamento destinado aos monstros nesse filme, mas a verdade é que não dei sequer uma risada ao longo dos 80 minutos de sua duração. Acredito que na longínqua década de 1940 as piadas e as gags de Abbott e Costello até pudessem ser engraçadas, mas vistas hoje em dia fazem com que as tiradas da turma do “Chaves” pareçam algo do tipo genial. E o pior é que se o filme tivesse sido desenvolvido com uma abordagem séria, poderia ter tido ótimos resultados, uma vez que o elenco possuía além de Lon Chaney Jr e Glenn Strange também o astro Bela Lugosi repetindo seu inesquecível papel de Conde Drácula, a cenografia voltou a receber maiores cuidados e com isso novamente podemos vislumbrar belíssimas imagens ao longo do filme, e mesmo os efeitos especiais mostram sensível avanço em relação aos filmes anteriores. Até mesmo a história abordada tinha potencial para render um roteiro que, com alguns ajustes, poderia se tornar envolvente e interessante. Confira:



Chick (Abbott) e Wilbur (Costello) são dois atrapalhados funcionários do serviço postal norte-americano. Certo dia, atendem uma ligação de Londres, dizendo que, se recebessem algumas caixas endereçadas a um tal de Senhor McDougal (Frank Ferguson), não deveriam entregar sob hipótese alguma. O sujeito do outro lado da linha é Larry Talbot (Lon Chaney Jr) e diz que chegaria aos EUA em poucos dias e então explicaria tudo.

Tão logo Wilbur desliga o telefone, o Senhor McDougal chega e exige a liberação de suas encomendas, dizendo que é dono de um Show de Horrores e que acaba de comprar diretamente da Europa os cadáveres do Monstro de Frankenstein e do Conde Drácula. Sem alternativas, Chick e Wilbur liberam as caixas, e ainda se comprometem em entregá-las no prédio que hospeda o tal Show de Horrores. Nesse meio tempo, conhecemos Sandra (Lénore Aubert), a linda namorada do feioso Wilbur, e assim como os demais personagens, não entendemos como ela pode se interessar por um cara tão chato e maluco.

Durante a noite, quando os dois amigos vão entregar as caixas no Show de Horrores do Sr McDougal, ocorrem uma série de trapalhadas e confusões e o Conde Drácula (Lugosi) e o Monstro de Frankenstein (Strange, interpretando pela última vez o personagem), que estavam escondidos nas caixas, acabam fugindo. Wilbur vê tudo, mas logicamente ninguém acredita nele, e juntamente com Chick, acaba preso, acusado de roubar o conteúdo das caixas.

No dia seguinte, alguém paga a fiança e libera a dupla de trapalhões, embora nem eles saibam quem foi o responsável pela boa ação. Então surge Larry Talbot, recém chegado de Londres, e explica que tudo não passa de um plano de Drácula, que veio para os EUA à procura de um cientista que possa revigorar o já bastante debilitado Monstro de Frankenstein, a fim de torná-lo o escravo perfeito – forte, indestrutível e submisso. Talbot também revela que é um lobisomem, e que vem seguindo Drácula há muito tempo na tentativa de destruí-lo. Wilbur acredita em Talbot, mas Chick pensa que tudo não passa de loucuras e se nega a ajudá-los.



Mais tarde, ficamos sabendo que Sandra, namorada de Wilbur, é a cientista que Drácula veio procurar, e que ela só finge estar namorando o abobalhado funcionário do serviço postal porque pretende seqüestrá-lo e retirar seu cérebro de idiota para transplantar no Monstro de Frankenstein. Depois de mais algumas confusões e piadas sem lá muita graça, todos acabam se encontrando em uma festa à fantasia, onde ocorrem brigas e quebra-quebra, e no final das contas Wilbur acaba sendo seqüestrado e levado para a ilha de Drácula, onde a Dr Sandra pretende realizar o sinistro transplante cerebral. Caberá então a Talbot e Chick partir para lá na tentativa de salvar o amigo.

Quem assistiu aos filmes anteriores envolvendo os monstros clássicos, logo perceberá que essa história nada tem a ver com as outras obras, pois desconsidera completamente o passado dos personagens, sua mitologia e sua cronologia, sendo uma espécie de aventura avulsa, onde os monstros são mero pretexto para atrair a atenção dos fãs. Mas esse não seria um problema assim tão grave, já que o filme anterior, “A Casa de Drácula”, também desconsiderava certos elementos da trajetória dos personagens. O ponto crítico do filme é o fato de ele ser assumidamente uma comédia, destinada aos fãs de Abbott e Costello, e não aos fãs dos monstros e de terror. Tanto que o diretor Charles Barton e os roteiristas Robert Lees, Frederic Rinaldo e John Grant (sim, três roteiristas!) eram especialistas em filmes de humor e aventura, sem nenhuma experiência no gênero horror. Por isso é que fica tão difícil gostar dessa obra, pois é deprimente ver o grande Drácula de Lugosi brincando de esconde-esconde com Wilbur, ou o sempre voraz Lobisomem sendo feito de bobo e trancafiado num simples quarto de hotel.

O filme só não é uma decepção total porque nos 20 minutos finais, quando Talbot e Chick invadem o castelo na ilha do Drácula, aí a coisa finalmente engrena e temos muito corre-corre e lutas entre os monstros, o que parece deixar claro que se o diretor Charles Barton tivesse investido um pouco mais na ação e menos nas piadinhas bestas, poderíamos ter tido um filme bem mais divertido. Provavelmente a maior virtude do filme é fazer com que o Monstro de Frankenstein tenha bastante tempo e espaço para perpetuar a sua destruição, fazendo até com que lembrássemos dos bons tempos de seus filmes solo, uma vez que nos crossovers ele sempre teve papel de coadjuvante, recebendo muito pouco destaque. Larry Talbot também tem papel central na trama, e o Lobisomem entra em ação diversas vezes, principalmente no final, onde trava um belo confronto com o Conde Drácula. Na última cena do filme, ainda temos a “participação” de outro grande astro do cinema de horror - Vincent Price - que faz a voz do Homem Invisível.



Nos bastidores das gravações desse filme também surgiram várias histórias, que com o passar do tempo acabaram se tornando públicas, a maioria envolvendo o competente, porém sempre polêmico Lon Chaney Jr. Nos extras do DVD nacional do filme “O Lobisomem”, de 1941, existe uma faixa de áudio com comentários do historiador de cinema Tom Weaver, onde ele cita o fato de que Chaney Jr tentou se suicidar logo após as o fim das gravações de “Abbott e Costello encontram Frankenstein”. Algum tempo depois, já recuperado, mencionou que o grande stress e cansaço proporcionados pelas filmagens, principalmente, às longas horas em que era submetido às seções de maquiagem para a caracterização do lobisomem, foram as responsáveis pela sua atitude. Apesar dessa afirmação, sabe-se que o ator era um fanfarrão nato, e que na verdade sua tentativa de suicídio estava relacionada à depressão e aos abusos no consumo de bebidas alcoólicas. Tanto é verdade que Chaney gostava de contar uma lorota, que em certa época ele declarou que na grande maioria das cenas em que o Monstro de Frankenstein aparece, era ele quem o interpretava, já que Glenn Strange haveria quebrado o tornozelo já nos primeiros dias de filmagem. Porém, nem Strange e nem ninguém da Universal jamais confirmou essa informação.

Por fim, esse foi realmente o último filme da Universal a contar com Drácula, Larry Talbot e o Monstro de Frankenstein como protagonistas. Algum tempo depois, o estúdio venderia os direitos de imagem desses personagens para a Hammer, e dos anos 1950 ao final da década de 1970, Drácula e o Monstro de Frankenstein dariam as caras muitas vezes em uma grande quantidade de filmes, mas sempre interpretados por outros atores. Apenas Larry Talbot, o atormentado Lobisomem Universal, nunca mais ressurgiria, mas deixaria um legado de filmes inesquecíveis a serem apreciados pelos fãs, imortalizando Lon Chaney Jr como um ícone definitivo na sombria, mas fascinante história do cinema de horror.

Ir para o topo  Mensagem [Página 1 de 1]

Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos