O entretenimento nos filmes de terror dos anos 80 em geral passou do paraíso ao inferno em pouco tempo: por exemplo, em 1980 e 1984, foram lançados SEXTA FEIRA 13 e A HORA DO PESADELO respectivamente, películas sólidas e assustadoras. Entretanto em 1988 saíram as partes 7 e 4 de suas franquias. A esta altura os filmes de Jason já não eram para ser levados a sério e Freddy virou um fenômeno pop (até entre as criancinhas, quem diria!), que adorava fazer suas piadinhas - era o famigerado "terrir" que agradou a muitos e fez tantos outros pularem da janela.
Com esta introdução quero dizer que ACAMPAMENTO SINISTRO, como lançado no Brasil, apesar do nome em "singular", é na verdade SLEEPAWAY CAMP 2 - UNHAPPY CAMPERS, de 1988, a continuação da história da assassina transexual mais popular do cinema, Ângela Baker. Porém esta divisão não poderia ser mais adequada neste caso específico, porque nenhuma característica do SLEEPAWAY CAMP original se encontra nesta seqüência: o diretor mudou e assim o ritmo ficou mais veloz, a história mais simples, privilegiando a criatividade nas mortes e até a protagonista é outra. Enfim, com quase tudo diferente, o público alvo também não é o mesmo.
A produção de SLEEPAWAY CAMP 2 começa no meio dos anos 80, quando o diretor/roteirista do original, Robert Hiltzik, escreveu um tratamento de roteiro para a seqüência do pequeno clássico SLEEPAWAY CAMP, porém devido a alguns eventos pessoais decidiu não tocar o projeto para frente, deixando o script nas mãos do produtor Jerry Silva. Na época o "terrir" estava começando a se tornar moda (e render um bom dinheiro), mas o roteiro de Hiltzik permanecia com o clima sinistro do original. Robert, então, fez um acordo com Silva e vendeu os direitos para a criação de duas continuações.
Jerry Silva passou o trabalho de escrita para o roteirista Fritz Gordon, que criou uma história inteiramente nova e sem trazer nenhum personagem do original (exceto Ângela Baker, claro), apenas aproveitando algumas cenas de morte para as partes 2 e 3. Silva, que foi diretor executivo da produtora Double Helix, chamou o diretor Michael A. Simpson para o comando das duas seqüências.
A experiência de Simpson com o terror era nula, no demais se limitava a produções para a TV e apenas um filme para o cinema: uma comédia de humor negro chamada FUNLAND (lançado no Brasil em VHS com o subtítulo O DESEQUILÍBRIO DE UM PALHAÇO). A justificativa para a sua escolha foi porque era considerado o mais criativo do quadro da Double Helix, e a produtora tinha grandes planos, preparando uma distribuição internacional.
O próprio diretor afirmou que tem um "senso macabro de humor", como demonstrado em FUNLAND, e transmitiu isto para as próximas partes de SLEEPAWAY CAMP: "É uma idéia do tipo amar ou odiar, todavia para mim foi a única forma de fazer. O horror teen estava se tornando uma paródia de si mesmo e então pensei em fazer apenas uma diversão sangrenta", declarou Simpson.
Como muitos já sabem a produção contatou Felissa Rose para reprisar seu papel na produção anterior. Mesmo bastante interessada, precisou recusar, pois foi aceita na Universidade de Nova York e preferiu privilegiar seu diploma. Então foram feitas audições para o elenco nas cidades de Atlanta, Nova York e Los Angeles. No entanto, foi um agente conhecido de Simpson que indicou Pamela Springsteen (caso estejam se perguntando, Pamela é irmã do cantor Bruce Springsteen) para o papel. Nas palavras do diretor: "Quando ela fez o teste eu imediatamente sabia que era a pessoa certa para a personagem. No mesmo dia eu encerrei as audições. Pamela tem muito talento e eu realmente quis trabalhar com ela".
As filmagens de SLEEPAWAY CAMP 2 e SLEEPAWAY CAMP 3 aconteceram ao mesmo tempo nas mesmas locações com um orçamento total de cerca de 1 milhão de dólares - o que não é muito, considerando que o primeiro filme foi feito com 350 mil. Após 6 meses de produção, o resultado e aquilo que o diretor se propôs a fazer: uma grande bobagem divertida e violenta que pouco (ou nada) tem a ver com o clima obscuro e assustador do original.
Cinco anos depois do massacre no acampamento Arawak, estamos agora no acampamento Rolling Hills, e a lenda de Ângela Baker (Pamela Springsteen) não passa mais de uma história de roda de fogueira, um bom começo para relembrarmos os eventos do filme passado. O "conto" é narrado por Phoebe (Heather Binion) e complementado por Sean Whitmore (Tony Higgins) - cujo pai ajudou a colocar Ângela Baker atrás das grades (só que não é o Frank "bigodão", hehehe...) - explicando que após a prisão dela, os médicos efetivaram sua troca de sexo. O que ninguém sabe é que a verdadeira assassina - que agora atende pelo sobrenome Johnson - trabalha como monitora neste lugar. Assim, a primeira vitima é despachada rapidinho: Phoebe recebe uma paulada na cabeça e tem sua língua arrancada antes mesmo dos créditos iniciais.
No dia seguinte dando a desculpa de que Phoebe cometeu uma infração grave e foi mandada de volta para casa (assim como todos os próximos), Ângela chama as garotas para o café da manhã.
Com todos reunidos no saguão principal o dono do acampamento, "Tio" John, (o veteraníssimo Walter Gotell eternizado como General Gogol em 6 filmes da franquia James Bond) anuncia Ângela como nova conselheira chefe por uma semana. Seja lá o que isso signifique, Ângela sente-se muito contente com a nomeação, pega um violão e canta "A Canção do Campista Feliz" em um momento memorável. Caso você não se sinta constrangido com a cena, pegue a letra abaixo e cante junto com a gente! Vamos lá! (E não se esqueça do movimento com as mãos, hahaha..)
Ooooh, I'm a happy camper, I love the summer sun.
I love the trees and forest, I'm always having fun!
Ooooh, I'm a happy camper, I love the clear blue sky
And with the grace of God, I'll camp until I die!
Enfim, é interessante notar que diferentemente do acampamento Arawak - cuja população é composta praticamente de crianças - em Rolling Hills são todos adolescentes e semi-adultos, normalmente com alguma disfunção comportamental por causa da idade (e pelos exageros do roteiro). A grande exceção (e sempre tem que ter uma) é a mocinha Molly (Renée Estevez, irmã dos atores Charlie Sheen e Emilio Estevez), uma das mais problemáticas é Ally Burgess (Valerie Hartman em seu primeiro trabalho e que sumiu), que adora dormir nua e dar uma "escapadinha" para o acampamento dos garotos, que é supervisionado por T.C. (Brian Patrick Clarke, usando um mullet assombroso).
Também temos Jodi (Amy Fields cujo paradeiro é desconhecido após o filme) e Brooke Shote (Carol Chambers que participou de MACE - O POLICIAL IMPLACÁVEL, roteirizado por Simpson e também desapareceu depois desta), irmãs que adoram se drogar e por isso são carinhosamente chamadas de "irmãs Shit" - estas são encontradas por Ângela no meio da floresta completamente bêbadas e chapadas. Marcadas para serem as próximas, logo em seguida viram churrasquinho, em prol da "moralidade" no acampamento.
E é essa "moralidade" que guia a motivação da nossa antagonista: todos tipos de deslize cometidos pelos campistas são vistos como fatais para Ângela, que arruma sempre uma forma "criativa" e uma frase de efeito antes de despachar suas vitimas. Entretanto de todas as cenas de morte existem duas que viraram características da série:
Na primeira Anthony (Benji Wilhoite que trabalhou em outro de Simpson, FAST FOOD) e Judd (Walter Franks III, também de FAST FOOD), dois campistas, querem assustar Ângela à noite se vestindo de Jason e Freddy, mas adivinha quem aparece com uma motosserra e usando uma máscara de Michael Myers? Hahahaha.. Uma homenagem em tom de brincadeira bem divertida.
E mais tarde Ally e Ângela então protagonizam uma das cenas mais marcantes deste e uma das mais repulsivas dos slasher movies: a assassina esfaqueia Ally pelas costas e a afoga numa "casinha" abandonada há muito tempo, cheia de fezes, urina e sanguessugas.
Tio John não engole mais a idéia de que Ângela esteja "mandando os adolescentes para casa" sem consultá-lo e por isso a demite, isso faz com que a moça (ou ex-moço) passe a matar indiscriminadamente, de modo que não há nenhuma reviravolta ou mistério para ser revelado - diferentemente do antecessor - e tudo o mais segue o "código de ética dos slashers", com direito a mocinha presa no final, os corpos amontoados numa cabana e burradas do elenco.
Durante minhas pesquisas para a confecção deste artigo, encontrei muitas opiniões de repulsa, algumas muito exaltadas e outras positivas, mas ambas têm algo em comum: concordam que nada tem a ver entre o original e a seqüência e isso certamente vai dividir o público que assistir a ambas as partes.
De maneira que eu, pessoalmente, prefiro encarar esta continuação (assim como a seguinte) como uma produção isolada, sem vinculo algum. Até porque assisti a ACAMPAMENTO SINISTRO no VHS nacional bem antes de SLEEPAWAY CAMP, e comparar os dois é uma tarefa muito ingrata, pois como já disse foram feitos em épocas diferentes para públicos idem. Entretanto, se o leitor insistisse e eu precisasse fazer uma confrontação, chegaria a uma única e decisiva conclusão: como horror, na essência da palavra, ACAMPAMENTO SINISTRO fica muito abaixo de seu antecessor. Mas não é ruim ou chato - as mortes violentas e criativas estão lá, a trilha sonora de heavy-metal bate ponto e o ritmo é frenético e, às vezes, contagiante, ajudado pela curta duração da fita.
A história é mais do que de manjada, e a falta de alguns elementos de lógica não atrapalha muito quem entrou na brincadeira. Pamela Springsteen encarna bem a assassina (ou assassino? Sei lá...), porém Fritz Gordon deveria escrever os diálogos dela com mais capricho (mandar todos para casa?? Que desculpa esfarrapada...) e a falta de uma motivação plausível para os crimes também pesa. Os demais atores, em personagens bem característicos dos slashers, são descartáveis e forçados como manda o figurino. E falando em figurino, mullets para lembrar que você está num filme dos anos 80 e peitos, muitos peitos, para você lembrar que além disto estamos em uma produção B, hahaha...
A direção de Simpson é a mais padrão possível - nem valoriza, nem deprecia muito o resultado final - o único problema é o excesso de tomadas diurnas, inclusive próximas ao climax: isto tira o mínimo de suspense que se poderia esperar de uma produção assim, portanto para curtir esqueça esse negócio de roteiro, entenda que é um filme feito por Ângela Baker, sobre Ângela Baker e para Ângela Baker, prepare os marshmallows, relaxe no sofá e "camp until you die".
Agradecimentos e mais informações:Novamente queria agradecer ao webmaster do site Sleepaway Camp Movies, Jeff Hayes, que contém um enorme arsenal de informações. Mas também não poderia deixar de citar John Klyza, webmaster do site Sleepaway Camp Films, que também provê um excelente conteúdo sobre as continuações de SLEEPAWAY CAMP.
Com esta introdução quero dizer que ACAMPAMENTO SINISTRO, como lançado no Brasil, apesar do nome em "singular", é na verdade SLEEPAWAY CAMP 2 - UNHAPPY CAMPERS, de 1988, a continuação da história da assassina transexual mais popular do cinema, Ângela Baker. Porém esta divisão não poderia ser mais adequada neste caso específico, porque nenhuma característica do SLEEPAWAY CAMP original se encontra nesta seqüência: o diretor mudou e assim o ritmo ficou mais veloz, a história mais simples, privilegiando a criatividade nas mortes e até a protagonista é outra. Enfim, com quase tudo diferente, o público alvo também não é o mesmo.
A produção de SLEEPAWAY CAMP 2 começa no meio dos anos 80, quando o diretor/roteirista do original, Robert Hiltzik, escreveu um tratamento de roteiro para a seqüência do pequeno clássico SLEEPAWAY CAMP, porém devido a alguns eventos pessoais decidiu não tocar o projeto para frente, deixando o script nas mãos do produtor Jerry Silva. Na época o "terrir" estava começando a se tornar moda (e render um bom dinheiro), mas o roteiro de Hiltzik permanecia com o clima sinistro do original. Robert, então, fez um acordo com Silva e vendeu os direitos para a criação de duas continuações.
Jerry Silva passou o trabalho de escrita para o roteirista Fritz Gordon, que criou uma história inteiramente nova e sem trazer nenhum personagem do original (exceto Ângela Baker, claro), apenas aproveitando algumas cenas de morte para as partes 2 e 3. Silva, que foi diretor executivo da produtora Double Helix, chamou o diretor Michael A. Simpson para o comando das duas seqüências.
A experiência de Simpson com o terror era nula, no demais se limitava a produções para a TV e apenas um filme para o cinema: uma comédia de humor negro chamada FUNLAND (lançado no Brasil em VHS com o subtítulo O DESEQUILÍBRIO DE UM PALHAÇO). A justificativa para a sua escolha foi porque era considerado o mais criativo do quadro da Double Helix, e a produtora tinha grandes planos, preparando uma distribuição internacional.
O próprio diretor afirmou que tem um "senso macabro de humor", como demonstrado em FUNLAND, e transmitiu isto para as próximas partes de SLEEPAWAY CAMP: "É uma idéia do tipo amar ou odiar, todavia para mim foi a única forma de fazer. O horror teen estava se tornando uma paródia de si mesmo e então pensei em fazer apenas uma diversão sangrenta", declarou Simpson.
Como muitos já sabem a produção contatou Felissa Rose para reprisar seu papel na produção anterior. Mesmo bastante interessada, precisou recusar, pois foi aceita na Universidade de Nova York e preferiu privilegiar seu diploma. Então foram feitas audições para o elenco nas cidades de Atlanta, Nova York e Los Angeles. No entanto, foi um agente conhecido de Simpson que indicou Pamela Springsteen (caso estejam se perguntando, Pamela é irmã do cantor Bruce Springsteen) para o papel. Nas palavras do diretor: "Quando ela fez o teste eu imediatamente sabia que era a pessoa certa para a personagem. No mesmo dia eu encerrei as audições. Pamela tem muito talento e eu realmente quis trabalhar com ela".
As filmagens de SLEEPAWAY CAMP 2 e SLEEPAWAY CAMP 3 aconteceram ao mesmo tempo nas mesmas locações com um orçamento total de cerca de 1 milhão de dólares - o que não é muito, considerando que o primeiro filme foi feito com 350 mil. Após 6 meses de produção, o resultado e aquilo que o diretor se propôs a fazer: uma grande bobagem divertida e violenta que pouco (ou nada) tem a ver com o clima obscuro e assustador do original.
Cinco anos depois do massacre no acampamento Arawak, estamos agora no acampamento Rolling Hills, e a lenda de Ângela Baker (Pamela Springsteen) não passa mais de uma história de roda de fogueira, um bom começo para relembrarmos os eventos do filme passado. O "conto" é narrado por Phoebe (Heather Binion) e complementado por Sean Whitmore (Tony Higgins) - cujo pai ajudou a colocar Ângela Baker atrás das grades (só que não é o Frank "bigodão", hehehe...) - explicando que após a prisão dela, os médicos efetivaram sua troca de sexo. O que ninguém sabe é que a verdadeira assassina - que agora atende pelo sobrenome Johnson - trabalha como monitora neste lugar. Assim, a primeira vitima é despachada rapidinho: Phoebe recebe uma paulada na cabeça e tem sua língua arrancada antes mesmo dos créditos iniciais.
No dia seguinte dando a desculpa de que Phoebe cometeu uma infração grave e foi mandada de volta para casa (assim como todos os próximos), Ângela chama as garotas para o café da manhã.
Com todos reunidos no saguão principal o dono do acampamento, "Tio" John, (o veteraníssimo Walter Gotell eternizado como General Gogol em 6 filmes da franquia James Bond) anuncia Ângela como nova conselheira chefe por uma semana. Seja lá o que isso signifique, Ângela sente-se muito contente com a nomeação, pega um violão e canta "A Canção do Campista Feliz" em um momento memorável. Caso você não se sinta constrangido com a cena, pegue a letra abaixo e cante junto com a gente! Vamos lá! (E não se esqueça do movimento com as mãos, hahaha..)
Ooooh, I'm a happy camper, I love the summer sun.
I love the trees and forest, I'm always having fun!
Ooooh, I'm a happy camper, I love the clear blue sky
And with the grace of God, I'll camp until I die!
Enfim, é interessante notar que diferentemente do acampamento Arawak - cuja população é composta praticamente de crianças - em Rolling Hills são todos adolescentes e semi-adultos, normalmente com alguma disfunção comportamental por causa da idade (e pelos exageros do roteiro). A grande exceção (e sempre tem que ter uma) é a mocinha Molly (Renée Estevez, irmã dos atores Charlie Sheen e Emilio Estevez), uma das mais problemáticas é Ally Burgess (Valerie Hartman em seu primeiro trabalho e que sumiu), que adora dormir nua e dar uma "escapadinha" para o acampamento dos garotos, que é supervisionado por T.C. (Brian Patrick Clarke, usando um mullet assombroso).
Também temos Jodi (Amy Fields cujo paradeiro é desconhecido após o filme) e Brooke Shote (Carol Chambers que participou de MACE - O POLICIAL IMPLACÁVEL, roteirizado por Simpson e também desapareceu depois desta), irmãs que adoram se drogar e por isso são carinhosamente chamadas de "irmãs Shit" - estas são encontradas por Ângela no meio da floresta completamente bêbadas e chapadas. Marcadas para serem as próximas, logo em seguida viram churrasquinho, em prol da "moralidade" no acampamento.
E é essa "moralidade" que guia a motivação da nossa antagonista: todos tipos de deslize cometidos pelos campistas são vistos como fatais para Ângela, que arruma sempre uma forma "criativa" e uma frase de efeito antes de despachar suas vitimas. Entretanto de todas as cenas de morte existem duas que viraram características da série:
Na primeira Anthony (Benji Wilhoite que trabalhou em outro de Simpson, FAST FOOD) e Judd (Walter Franks III, também de FAST FOOD), dois campistas, querem assustar Ângela à noite se vestindo de Jason e Freddy, mas adivinha quem aparece com uma motosserra e usando uma máscara de Michael Myers? Hahahaha.. Uma homenagem em tom de brincadeira bem divertida.
E mais tarde Ally e Ângela então protagonizam uma das cenas mais marcantes deste e uma das mais repulsivas dos slasher movies: a assassina esfaqueia Ally pelas costas e a afoga numa "casinha" abandonada há muito tempo, cheia de fezes, urina e sanguessugas.
Tio John não engole mais a idéia de que Ângela esteja "mandando os adolescentes para casa" sem consultá-lo e por isso a demite, isso faz com que a moça (ou ex-moço) passe a matar indiscriminadamente, de modo que não há nenhuma reviravolta ou mistério para ser revelado - diferentemente do antecessor - e tudo o mais segue o "código de ética dos slashers", com direito a mocinha presa no final, os corpos amontoados numa cabana e burradas do elenco.
Durante minhas pesquisas para a confecção deste artigo, encontrei muitas opiniões de repulsa, algumas muito exaltadas e outras positivas, mas ambas têm algo em comum: concordam que nada tem a ver entre o original e a seqüência e isso certamente vai dividir o público que assistir a ambas as partes.
De maneira que eu, pessoalmente, prefiro encarar esta continuação (assim como a seguinte) como uma produção isolada, sem vinculo algum. Até porque assisti a ACAMPAMENTO SINISTRO no VHS nacional bem antes de SLEEPAWAY CAMP, e comparar os dois é uma tarefa muito ingrata, pois como já disse foram feitos em épocas diferentes para públicos idem. Entretanto, se o leitor insistisse e eu precisasse fazer uma confrontação, chegaria a uma única e decisiva conclusão: como horror, na essência da palavra, ACAMPAMENTO SINISTRO fica muito abaixo de seu antecessor. Mas não é ruim ou chato - as mortes violentas e criativas estão lá, a trilha sonora de heavy-metal bate ponto e o ritmo é frenético e, às vezes, contagiante, ajudado pela curta duração da fita.
A história é mais do que de manjada, e a falta de alguns elementos de lógica não atrapalha muito quem entrou na brincadeira. Pamela Springsteen encarna bem a assassina (ou assassino? Sei lá...), porém Fritz Gordon deveria escrever os diálogos dela com mais capricho (mandar todos para casa?? Que desculpa esfarrapada...) e a falta de uma motivação plausível para os crimes também pesa. Os demais atores, em personagens bem característicos dos slashers, são descartáveis e forçados como manda o figurino. E falando em figurino, mullets para lembrar que você está num filme dos anos 80 e peitos, muitos peitos, para você lembrar que além disto estamos em uma produção B, hahaha...
A direção de Simpson é a mais padrão possível - nem valoriza, nem deprecia muito o resultado final - o único problema é o excesso de tomadas diurnas, inclusive próximas ao climax: isto tira o mínimo de suspense que se poderia esperar de uma produção assim, portanto para curtir esqueça esse negócio de roteiro, entenda que é um filme feito por Ângela Baker, sobre Ângela Baker e para Ângela Baker, prepare os marshmallows, relaxe no sofá e "camp until you die".
Agradecimentos e mais informações:Novamente queria agradecer ao webmaster do site Sleepaway Camp Movies, Jeff Hayes, que contém um enorme arsenal de informações. Mas também não poderia deixar de citar John Klyza, webmaster do site Sleepaway Camp Films, que também provê um excelente conteúdo sobre as continuações de SLEEPAWAY CAMP.